Texto Áureo: João 4.24
Verdade Prática: O Espírito Santo,
identificado como a terceira pessoa da Trindade, é igual ao Pai e ao Filho.
Leitura Bíblica: Atos 2.147-18; 37-41
Lição 01
INTRODUÇÃO
A
Paracletologia divide-se, no estudo da Bíblia, em dois períodos: o do Antigo
Testamento e do Novo testamento. No primeiro, as atividades e as manifestações
do Espírito Santo eram esporádicas, especificas e em tempos distintos. No
segundo, começa no dia de Pentecoste, quando suas atividades se concretizam direta
e continuamente, através da Igreja. No Antigo Testamento, Ele se manifesta em
circunstâncias especiais. No Novo Testamento, veio para morar nos corações dos
crentes e enchê-los do seu poder. No Antigo testamento, tinha-se um
conhecimento limitado do Espírito Santo, pois o viam como um poder impessoal
vinda da parte de Deus. Porém, no Novo Testamento, essa ideia foi aclarada
quando Ele se manifestou de modo pessoal, racional e direto, ainda que
invisível.
I.
OS VÁRIOS
SENTIDOS DA PALAVRA “ESPÍRITO” NA BÍBLIA
1.
A palavra
“espírito” nas línguas originais: Aprendamos a distinguir os vários
sentidos desta palavra em toda a Bíblia. No Antigo testamento, a língua
hebraica a traduz como “ruach”, que significa essencialmente, vento, hálito,
respiração. No Novo Testamento, escrito na língua grega, a palavra “espírito” é
“pneuma”. A raiz PNEU refere-se ao ar. O sufixo “ma” fala de ação do movimento
do ar.
2.
“RUACH”
e “PNEUMA” referem-se também ao espírito
humano: Quando se refere ao “espírito humano” diz respeito ao fôlego de
vida que tornou o homem um ser vivente (Gn 2.7); Mt 27.50; Lc 8.55; At 7.59). É
a essência da humana distinta da irracional. O espírito representa a natureza
suprema do homem e o habilita a ter comunhão pessoal com o seu Criador.
3.
“Espírito”,
relacionado aos anjos: Os anjos são espíritos criados, sem necessidade
de corpos materiais. Esta palavra refere-se tanto aos anjos bons como aos maus
(Mt 8.16; Mc 1.23; 1 Co 2.12; Lc 1.11; At 5.19; Hb 2.7).
4.
“Espírito”,
referindo-se a Deus: Quando se refere a Deus, tanto “ruach” como
“pneuma” têm uma conotação especial, porque Ele é o “Espírito Eterno” (Hb
9.14). A palavra “espírito” não limita o Espírito Santo a um sentido figurado,
ou a uma mera representação impessoal. Ele é um fato. Não é uma mera energia ou
influência de Deus. O Espírito ´E Deus, a terceira pessoa da Trindade.
II.
A ASSEIDADE
DO ESPÍRITO SANTO
A
palavra “asseidade” é pouco usada na linguagem cotidiana das nossas igrejas.
Trata-se de um termo especial com um significado singular, pois refere-se a
deus. Definem os dicionários bíblicos que se trata de um atributo de Deus pelo
qual Ele existe por si mesmo. Portanto, “asseidade” atribui-se exclusivamente
ao Ser divino, e o Espírito Santo é a manifestação da divindade.
1.
A existência
do Espírito santo (Hb 9.14): Se o Espírito Santo existe como Ser
divino, Ele não é uma parte deste, mas é o próprio Deus Espírito (Jo 4.24). Ele
tem existência própria, mas isto não significa que esteja separado da
divindade. As pessoas da Trindade são distintas em suas manifestações, mas
pertencem à mesma essência indivisível e eterna. O Espírito santo não se
originou em nada e em ninguém, pois tem origem em si mesmo, Ele é aa expressão
da unicidade de Deus. Nós e os anjos fomos criados. Mas o Espírito Santo não
depende e nem precisa de alguém, embora queira e possa livremente relacionar-se
com sua criação. Jesus declarou que o pai tem vida em si mesmo (Jo 5.216). Se o
Pai pertence à mesma essência divina do Filho, o Espírito Santo também possui
existência própria e total independência de todas as coisas.
2.
Os atributos
do Espírito Santo: Quando nos referimos ao termo “atributos”, falamos
de algo que também pertence ao Espírito Santo. De fato, são propriedades
qualitativas, jamais adquiridas ou acrescentadas, mas pertencentes a Ele
eternamente. Destacaremos, essencialmente, dois atributos:
a.
A
imutabilidade: Ela é própria do Espírito Santo. Significa que Ele está
livre de toda mudança (Ml 3.6). Tudo o que se diz a respeito dele, como Deus
Espírito, é perfeito e imutável. Este atributo não é exclusivo de uma pessoa da
Trindade, mas pertence às três (Rm 1.23; Hb 1.11).
b.
Eternidade
(Hb 9.14): Ela é um atributo intrínseco na divindade. Por isso, o autor
da Carta aos Hebreus identifica o Espírito Santo como o “Espírito Eterno”. Ele
transcende a todas as limitações temporais. Dois outros termos ligados à
eternidade ilustram e aclaram ainda mais este atributo. O Espírito Santo é
infinito e imenso. Por infinidade, entende-se que sua existência não tem fim.
Nada confina o Espírito santo no Espaço, nem o retém no tempo. Por imensidade,
compreende-se que o Espírito é total, pleno e completo. Ele não se divide, mas
pode estar presente em toda parte com todo o seu Ser (Sal 139.7-12). Notem
isso: os anjos são espíritos criados sem corpos materiais, mas nem por isso
estão em todo o lugar ao mesmo tempo. Os homens são espíritos corporizados, e
portanto, limitados no espaço. Nem aos anjos e nem aos homens lhes é atribuída
a qualidade divina da “imensidade”. A plenitude pertence, de fato, única e exclusivamente
À divindade (Sl 97.1-12).
III.
A DEIDADE DO
ESPÍRITO SANTO
1.
O Espírito
Santo: Esta declaração é comprovada na Bíblia e na experiência humana.
Ele não é um deus entre outros. É identificado como a terceira pessoa da
Trindade. As Escrituras relatam um episódio nos primeiros dias da Igreja, em
Jerusalém, quando Ananias e Safira tentaram enganá-lo. Ele revelou ao apóstolo
Pedro que o casal mentia, conforme registra Atos 5.3: “Por que encheu Satanás o
teu coração, para que mentisses ao Espírito santo?” O versículo seguinte
confirma: “Não mentiste aos homens, mas a Deus”. A deidade do Espírito santo
está implícita na do pai e do filho. Ela é a mesma nas três pessoas. Não se
separa, mas pertence à mesma essência divina do único Deus.
2.
Atributos da
deidade do Espírito santo: Há três atributos pertencentes à deidade de
cada uma das pessoas da trindade que são: Onipotência, Onisciência e
Onipresença. Estes não foram conferidos a anjos, nem a homens. Têm-se deificado
a anjos e homens; entretanto, nunca foram, não são, nem serão deuses, visto que
não possuem as qualidades que pertencem natural e unicamente ao Deus Trino. A
Bíblia, quando se refere ao Diabo como “deus deste século” (2 Co 4.4), coloca-o
ao nível do pensamento humano.
a)
Onipotência:
Ele possui todo o poder. W.T. Conner, em “Doctrina Cristiana”, escreveu o
seguinte: “por onipotência de Deus se entende que todo o poder que há no
Universo, físico ou espiritual, tem sua origem em deus. Ele, por conseguinte,
pode fazer qualquer coisa que o poder seja capaz”. Ao afirmarmos que Deus tem
poder para fazer todas as coisas, não nos referimos às que fogem à ordem que
Ele mesmo estabeleceu no mundo. Há o que Ele não pode fazer, como mentir (Nm
23.19), pois contraria sua natureza moral. Ao usar a expressão “Deus não pode
fazer” não significa limitá-lo Às circunstâncias, pois Ele, como ser absoluto,
está livre de qualquer impedimento. Simplesmente, deus não pode fazer algo que
contrarie sua natureza divina. Ele tem todo poder, mas considera as próprias
leis que estabeleceu. Por exemplo: respeita o livre-arbítrio do homem, porque
foi Ele quem o deu. A Onipotência pertence, por igual, Às três pessoas da
trindade. O poder do pai é o mesmo existente no filho e no Espírito Santo.
Então, em sua Onipotência, o Espírito santo faz o que lhe apraz (1 Co 12.11);
opera sinais e prodígios (Rm 15.19), etc.
b)
Onisciência:
Vem de duas palavras latinas “OMNES” que significa TUDO, e “SCIENTIA” que quer
dizer CIÊNCIA. O Espírito santo, do mesmo modo que o pai e o Filho, tem total
conhecimento de todas as coisas. Sua sabedoria é infinita, singular e
indescritível. Ele sabe tudo acerca de si mesmo e do que criou (SL
139.2,11,13). Conhece os homens profundamente (1 Rs 8.39; Jr 16.17; Rm 8.27).
Ninguém pode esconder coisa alguma dele. Nem um só pensamento nosso passa
despercebido do Espírito santo.
c)
Onipresença
(Sl 139.7-10): O Espírito santo penetra em todas as coisas e perscruta
o nosso entendimento, pois está presente em toda a parte. Ele não se divide em
várias manifestações, porque sua presença é total em cada lugar onde estiver
(At 17.24-28; Jr 23.23,24). Em relação à Trindade, cada pessoa destaca-se em
manifestações distintas que mostram a Onipresença da divindade. O Pai tornou-se
conhecido, através do Filho na Terra (Mt 11.27) e o Espírito Santo é a
manifestação do Pai e do filho na vida do crente (Jo 14.17,19,20,23).
IV.
A PERSONALIDADE
DO ESPÍRITO SANTO
Um
dos atributos da deidade é a personalidade que cada uma das três pessoas
divinas possui. Às vezes, atribuímos à personalidade uma forma corpórea.
Entretanto, deus é Espírito, sem necessidade de corpo material. Identifica-se como
pessoa alguém que manifeste qualidades, como o falar, o sentir e o fazer alguma
coisa racional. Já provamos que o Espírito Santo é um ser divino e pessoal, e
não meramente uma coisa, uma força ou uma energia cósmica.
1.
Pronomes
conferidos ao Espírito santo: Em Jo 16.8,13,14 encontramos algumas
vezes os pronomes ele, aquele (no grego ekeinos) que indicam a pessoa do
Espírito santo. Em Jo 14.16, encontra-se a expressão “outro consolador’. Ela,
mais uma vez, identifica a personalidade do Espírito Santo. A palavra “outro”,
usada por Jesus, no grego “ALLOS”, significa “outro do mesmo tipo”. O Filho de
Deus revelou-se como pessoa, mas falou de outra que Ele enviaria após sua
subida para o Céu. “Consolador”, no grego, “Paracleto”, significa “aquele que
dá força” ou “aquele que encoraja”. O sentido, então, é ajudador, advogado.
Este é alguém convidado para representar uma pessoa. O Espírito Santo é o
Consolador, isto é, o ajudador e advogado dos fiéis de Cristo (1 Jo 2.1).
2.
Atributos
pessoais do Espírito Santo: Há três atributos que revelam a personalidade:
o intelecto, a vontade e o sentimento. O
primeiro faz com que o Espírito Santo fale, pense, raciocine e determine (Rm
8.27; 1 Co 2.10,11,16). A vontade do Espírito Santo é conhecida na Palavra de
deus. Ele faz o que quer, quando precisa e como deseja pela capacidade do seu
conhecimento (Hb 2.4). Os dons do Espírito são distribuídos conforme sua
vontade. Ele demonstra seu desejo, através do conhecimento inerente e pleno que
possui, e está acima das circunstâncias e do tempo. Em relação ao sentimento do
Espírito, entendemos que Ele possui todos os graus de afeição e sensibilidade
de quem ama, geme, chora e intercede (Rm 8.26,27; Ef 4.30).
Fonte: Lições Bíblicas (Jovens e Adultos)
Editora: CPAD
Trimestre: 1/1994
Comentarista: Elienai Cabral
Tema Central: ESPÍRITO SANTO – A chama Pentecostal
Páginas: 78 - 83
Nenhum comentário:
Postar um comentário