segunda-feira, 12 de março de 2012

A PARABOLA DA FIGUEIRA ESTERIL

Texto Áureo: João 15.16
Verdade Prática: Jesus nos salvou, a fim de que, com o nosso testemunho, produzamos muitos frutos para a glória do seu nome.
Época do evento: 28 d.C.
Local: Cafarnaum
Leitura Bíblica: Lucas 13.6-9

Lição 06

INTRODUÇÃO

Somente Lucas registra esta parábola em apenas quatro versículos. O Senhor Jesus, mais uma vez, toma por base a figura de uma árvore, numa linguagem simples e, ao mesmo tempo, desafiadora aos intérpretes das Escrituras. Define o destino dos que, plantados por Deus para darem frutos, não os produziram. A narrativa serviu de lição para o povo de Israel e é também para nós, que compomos a Igreja do Senhor. Ele nos escolheu, a fim de produzirmos frutos para o engrandecimento do seu reino.

I.                   O CONTEXTO DA PARÁBOLA

Jesus ensinava a muitas pessoas. Algumas delas aproveitaram a oportunidade, para falar-lhe sobre um trágico acontecimento: o governador Pilatos mandara matar diversos galileus, e misturar o sangue deles com o dos sacrifício oferecidos no Templo (Lc 13.1). É provável que, na ocasião, Jesus estivesse próximo do Santuário. Como resposta àquela referência, Cristo lhes disse que se elas não se arrependessem, todas pereceriam de igual modo (Lc 13.3). E, para reforçar a sua tese, quanto à necessidade do arrependimento, Jesus fez uma pergunta alusiva a outro fato igualmente trágico, ocorrido a dezoito homens, sobre os quais caíra a torre de Siloé.
Diante dos dois acontecimentos, um, perpetrado por um governante criminoso e cruel; outro, acidentalmente, Jesus indagou se os galileus assassinados eram mais pecadores que os seus patrícios ou se os vitimados pelo desastre de Siloé eram mais culpados que os demais habitantes de Jerusalém. Sem esperar por qualquer resposta, o Mestre concluiu: “Não, vos digo: antes, se vos não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis”. Em resumo. O Senhor quis dizer aos seus ouvintes que deviam produzir frutos dignos de arrependimento, a fim de não perecerem. A afirmação de Jesus engloba uma questão que inquieta a muitos e, até mesmo. Aos servos de Deus: Por que o mal acontece a pessoas inocentes, boas, e não somente aos maus? A resposta não foi dada na parábola, mas, um dia, saberemos o porquê de todas as coisas (Dt 29.29).

II.                A FIGUEIRA E O SEU SIGNIFICADO

  1. A árvore em si: A palavra figueira vem do latim ficaria. Trata-se de “árvore ou arbusto de países quentes. Algumas espécies atingem a altura de nove metros” (Boyer). Seu fruto é o figo. Há muitos tipos, desde a figueira-brava, a Figueira-da-europa, a Figueira-benjamim (Fícus benjamim), dentre outros, e a figueira da Palestina, de que fala a parábola, abundante em Canaã (Dt 8.8; Nm 13.23).
  2. O sentido espiritual: no sermão profético, registrado por Lucas (21.5-36), Jesus advertiu sobre os diversos acontecimentos que antecederão a sua vinda, notadamente quanto ao povo israelense. Após falar da Grande Tribulação (Lc 21.20-24), quando Jerusalém será pisada pelos gentios (Lc 21.24), e da sua vinda em, glória, o Senhor “disse-lhes uma parábola: olhai para a figueira, e para todas as árvores” (Lc 21.29). A análise do texto, segundo eminentes estudiosos das Escrituras, conclui que a figueira é um símbolo da nação de Israel.
O profeta Jeremias, usado por Deus, previu o futuro do povo, mediante a visão de dois cestos de figos, diante do Templo do Senhor, após Judá ter sido levado para o cativeiro babilônico. O profeta viu frutos bons e ruins. Diante dessa visão, o Senhor disse que via os judeus Omo os figos bons, e os faria retornar a sua terra (Jr 24.1-7). Eles eram (e são) comparados, biblicamente, a uma figueira.
  1. A figueira no meio da vinha (Lc 13.6): A  vinha é uma plantação de videiras, cultivadas para produzir uvas. No Antigo Testamento, quando Deus se referia ao estado desejado para o povo de Israel, prometia que cada um se assentaria debaixo de suas videiras e figueiras, em alusão a paz, segurança e prosperidade (1 Rs 4.25; Mq 4.4; Zc 3.10).
A figueira no meio da vinha simboliza Israel entre as nações (todas as árvores), como sugere Lc 21.29. De fato, “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24.1). Espiritualmente, para Deus, o centro da Terra não é Londres, Tóquio, Nova Iorque ou Brasília. É Jerusalém, é Israel.

III.             OS GUARDIÃES DA VINHA E SUA AÇÃO

  1. O dono da vinha: Quem é ele? “Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha”. A maioria dos estudiosos da Bíblia reconhece que este personagem representa Deus. Com relação a Israel, Ele fez mais do que por qualquer outra nação do mundo, ao conceder-lhe o privilégio de ser eleito dentre os povos, estabelecer nele o seu nome (2 Cr 7.14; Ex 6.7; Dt 7.6; Sl 33.12).
  2. O vinhateiro: por analogia e com base bíblica, deduz-se que o vinhateiro é Jesus, enviado à casa de Israel, a fim de cuidar da figueira especial “no meio da vinha” (Mt 15.24). “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1.11).
  3. Foi procurar fruto e não achou: O dono da vinha tinha uma predileção especial pela figueira, estabelecida no meio da sua plantação de videiras. Isso significa a escolha de Israel, no meio das outras nações. Deus esperava que ela frutificasse, mas se decepcionou: “foi procurar nela fruto, não o achando; e disse ao vinhateiro; Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho” (Lc 13.6,7). Este período, segundo intérpretes da Bíblia, refere-se aos três anos do ministério terreno de Jesus, durante o qual, Ele, o Messias, como bom vinhateiro, fez tudo o que pôde, a fim de que a nação escolhida desse bom fruto para Deus.
Champlim e Eurico Bergstén, abalisados comentaristas bíblicos, dão respaldo a este entendimento. Boyer não aceita esta interpretação, em comentário sobre o livro de Lucas. Nós admitimos a opinião de que o período em apreço refere-se, de fato, ao ministério de Jesus. Isso significa dizer que a figueira (Judá ou Israel) fora plantada naquele período, e, sim, que, durante três anos, aproximadamente, Jesus procurava o reconhecimento (o fruto) dos judeus de que Ele era o Filho de Deus, o Messias, mas não o encontrou. Muito pelo contrário. Rejeitaram-no, ao trocarem o Filho de Deus por um ladrão e homicida (Barrabás), e clamarem: “Seja crucificado... seja crucificado;... o seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos” (Mt 27.22-25).
  1. A ordem para o corte da figueira: Diante da frustração, em face da não produção dos frutos esperados, o dono da vinha ordenou ao vinhateiro que cortasse a figueira estéril. Isso significa dizer que Deus estava decepcionado com a nação judaica, e sua decisão era muito séria. A figueira (Judá) devia ser cortada, visto que ocupava o lugar inutilmente, e prejudicava, inclusive, as outras árvores da vinha. Numa outra parábola, no Antigo Testamento, existe um paralelo ao texto em estudo, em que Deus compara Israel a uma vinha e não só a uma árvore. Da mesma forma, Ele esperava que a plantação frutificasse, mas tudo foi em vão. Em face disso, a sentença foi terrível: “Agora pois vos farei saber o que hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derribarei a sua parede, para que seja pisada; e a tornarei em deserto; não será podada nem cavada;... Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que exercessem juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor” (Is 5.5-7). Neste ponto, temos grandes lições espirituais a observar. Deus não tem filhos privilegiados nem faz acepção de pessoas ou nações. Ele escolheu Israel como seu representante entre os povos (a figueira no meio da vinha). Em contrapartida, esperou que desse fruto, mas ocorreu o contrário. Os judeus rejeitaram o seu plano. O corte da nação foi previsto e ocorreu tempos depois. Assim, se desejamos fazer parte da vinha espiritual, a Igreja, precisamos dar frutos, para não sermos cortados.
  2. A paciência do vinhateiro (Lc 13.8,9): Ao receber a ordem de cortar a figueira, o vinhateiro pediu ao dono da propriedade: “Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; E, se der fruto, ficará, e, se não, depois a mandarás cortar”. Jesus procedeu com muito cuidado e zelo. Tamanha foi sua misericórdia por Israel que, antes de sua morte, chorou, e disse: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!  Eis que a vossa casa vai ficar deserta” (Mt 23.37,38). O período da graça, em atendimento ao pedido do vinhateiro, não durou um só, mas quase 40 anos! Mesmo após a morte de Jesus, Israel não deu frutos de arrependimento, e a sentença foi executada.
O corte da figueira veio com violência. No ano 70 d.C., o general Tito destruiu Jerusalém, arrasou o Templo, não deixou pedra sobre pedra que não fosse derribada, conforme Jesus previra, provocou um banho de sangue e os judeus dispersaram-se entre as nações. Ele é longânimo e grande em benignidade (Sl 103.8), mas a sua justiça é infalível 9Sl 9.8; 89.14; Jr 23.5), Diante disso, devemos compreender que Deus é amor, mas também é fogo consumidor (Hb 12.29) e que “horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31). Ainda bem que Ele cortou a árvore, mas deixou o tronco com as raízes.

IV.             LIÇÕES PARA A IGREJA

A FIGUEIRA (Israel) foi escolhida para dar fruto no tempo estabelecido por Deus, e não o fez. Por isso, foi cortada. Em lugar desta árvore, foi levantado um Israel espiritual, que é a Igreja (Rm 11.11). Jesus, enviado por Deus, morreu em nosso lugar, e preparou para si um “povo seu especial, zelosos de boas obras” (Tt 2.14). O Senhor nos escolheu (não nos plantou apenas) e nos fez participantes de sua natureza, como galhos (varas) da videira. Ele disse: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador... Estai em mim, e eu em vós... Eu sou a videira e vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim, nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem” (Jo 15.1,4,5,6). Desse modo, precisamos:
1) Estar em Cristo;
2) Dar fruto (Gl 5.22);
3) Permanecer nele (Jo 15.16)
A figueira já começou a brotar (Lc 20.29,30), com a volta de Israel à sua terra, mas é ainda a Igreja que está em evidência no mundo, e cumpre o plano de Deus para o engrandecimento do seu reino. Deus nos ajude a sermos fiéis, santos e frutíferos!


Fonte: Lições Bíblicas (Jovens e Adultos)
Editora: CPAD
Trimestre: 4º/ 1994
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Tema Central: Parábolas de Jesus – Ensinos que Edificam
Páginas: 26 - 30

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