Texto Áureo: Salmo 133.1
Verdade Prática: Deus
deseja que seus filhos vivam em perfeita união espiritual, a fim de que
produzam o fruto do Espírito santo e em tudo glorifiquem o seu nome.
Leitura Bíblica: Gênesis
27.37-45
Lição 02
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
estudaremos as conseqüências da inimizade entre dois irmãos, Esaú e Jacó,
filhos de Isaque (Gn 25.22-25). Ambos foram criados sob a orientação de um
grande patriarca, e receberam instrução divina, pois o pai deles era homem de
oração (Gn 25.20,21). Entretanto, por causa da mentira, tornaram-se inimigos, a
ponto de não poderem viver juntos. Se não fossem as leis permissivas de Deus,
teríamos, hoje, uma história diferente para contar. A inimizade desses dois
irmãos deve servir de lição para todos nós que constituímos a Igreja do Senhor
aqui na terra, para não seguimos os seus exemplos negativos e não perdemos a
nossa primogenitura, como Esaú, nem sermos castigados como Jacó, que pagou um
preço alto por causa de sua fraude (Gn 27.35)
I.
INIMIZADE
ENTRE IRMÃOS CAUSA PREJUÍZO
- Nascidos sob as bênçãos de Deus (Gn 25.21,23): Sendo Rebeca Estéril, Isaque orou a Deus em favor dela e o Senhor ouviu sua oração, e ela concebeu e teve dois filhos: Esaú e Jacó (Gn 25.24). Eram gêmeos, com a diferença de que o segundo nasceu agarrado aos pés do primeiro (Gn 25.26). Por causa disso, o mais novo recebeu o nome de Jacó, que significa “suplantador”. A Bíblia cita três casos de pessoas que nasceram gêmeas: 1) Jacó e Esaú (Gn 25.24-28); 2) Perez e Zerá (Gn 38.27-30); 3) Dídimo (Tomé), que significa gêmeos (Jo 11.16; 20.24; 21.2). (A Bíblia não revela o nome de seu irmão gêmeo).
Esaú e Jacó
representam duas naturezas. Cada uma tem suas características peculiares. O
conveniente é não sermos dominados por nenhuma delas, a exemplo de Esaú,
vencido pelo apetite carnal. Enquanto Jacó conseguiu vencer suas inclinações
com a ajuda de Deus, conforme constatamos, em Betel, em Padã-Arã e no ribeiro
de Jaboque (Gn 32.22-30). Com Esaú aconteceu o contrário, sendo ele herdeiro
das bênçãos de Deus pela primogenitura e pela sucessão patriarcal, perdeu tudo,
por causa de um prato de comida, tornando-se “fornicário e profano” (Hb
12.16,17). “Jacó não era um anjo, mas, comparado com Esaú, estava imensamente
mais capacitado párea ser o pai da nação messiânica de Deus” (Halley). “Apesar
de suas falhas, Jacó deu valor à bênção divina envolvida na aliança. Ele
parecia entusiasmado com a presença divina acerca de uma nação por meio da qual
seria abençoado o mundo... ele precisou experimentar as conseqüências do seu
pecado, conforme sucede a todos os homens. Deus o testou e o castigou,
produzindo em sua vida a grandeza. Deus o tratava como um filho (Hb 12.5-8)”.
(Tendas e Palácio – ICI).
- Rivalidade antes do nascimento (Gn 25.22,23): Antes de eles nascerem, já lutavam no ventre de Rebeca, ao ponto de ela perguntar ao Senhor porque isso acontecia. Deus lhe disse: “Duas nações há em teu ventre, dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro e o maior servirá ao menor” (Gn 25.22,23). Estas palavras, Deus falou particularmente a rebeca. Não obstante, ela não conseguiu evitar a rivalidade entre seus filhos, colaborando para que isso acontecesse. Rivalidade no ventre, no viver diário, em suas profissões, e até no modo de servir a Deus. Como é triste e lamentável ouvir a Palavra de Deus e não obedecer, especialmente em se tratando de suas promessas “que são fiéis e verdadeiras”!
- Diferença nas atividades (Gn 25.27): Esaú gostava do campo, era caçador; e Jacó, homem simples. Ainda não vi um caçador, crente ou não, que não seja precipitado, exagerado contador de anedotas. O primeiro exemplo que a Bíblia cita Ninrode (Gn 10.8,9) era poderoso, isto é, tornou-se famoso como caçador. É melhor tornar-se conhecido como pregador do Evangelho, ganhador de almas, ensinador.
Vejamos a
diferença entre os dois irmãos, Esaú e Jacó. O primeiro tornou-se “profano e
fornicário”, não por ser caçador ou homem do campo, mas por ter vendido o seu
direito de primogenitura (Hb 12.16). O segundo é o pai das doze tribos de
Israel, e de sua descendência nasceu o Senhor Jesus Cristo. Esaú é o tipo do
crente destituído da fé, homem natural (1 Co 2.14), que não valoriza as bênçãos
de Deus.
Muitos crentes
foram abençoados ricamente, a partir de sua conversão, e batizados em águas e
no Espírito santo. Ocuparam cargos de confiança na igreja, tiveram o crédito de
seus pastores; entretanto, tornaram-se profanos, hoje, estão pagando um preço
alto, sem condições de voltar ou reconciliar-se como Esaú, que não encontrou
mais lugar para receber a bênção (Hb 12.17).
- Cuidado com a profanação: Esaú não valorizou as bênçãos que recebera de Deus; antes profanou-as. Tenhamos cuidado para não profanarmos o nome do Senhor, procedendo irreverentemente em sua casa, desrespeitando as coisas sagradas (1 Co 11.20,21). Profanar é violar a santidade de Deus, ou algo que lhe é consagrado (Dt 22.20,30; 1 Co 5.1). Ananias e safira caíram mortos por profanarem a Igreja, através da mentira (At 5.1-5,9). O pecado “é uma miséria no mundo que tem reação de loucura no homem e o leva ao abismo sem conhecer a vontade de Deus”.
II.
DEUS NÃO
NEGA AOS HOMENS SUAS BÊNÇÃOS
- Virtudes de Jacó (Gn 25.27): Jacó habitava em tendas, as quais falam da fé, das promessas de Deus (Hb 11.9). Por isso, ele conseguiu vencer suas inclinações negativas com a colaboração de Deus e o esforço de sua mãe, que o ajudou a receber a primogenitura, ao alcançar a bênção de Isaque, como orvalho do céu (Gn 27.28a); gordura da terra (Gn 27.28b); abundância de trigo (Gn 27.28c); abundância de vinho (Gn 27.28d) e povos e nações se encurvariam a ele (Gn 27.29a). Tornar-se-ia senhor de seus irmãos (27.29b), e seriam malditos os que lhe amaldiçoassem (Gn 27.29c). “Da linhagem da promessa, todos os filhos de Abraão foram eliminados, salvo Isaque. Dos filhos deste, foi excluído Esaú, sendo Jacó o único escolhido. Com Jacó cessou o processo de eliminação; todos os descendentes dele seriam incluídos na Nação Eleita” (Manual Bíblico – Halley).
- Bênção de Esaú: Habitaria nas gorduras da terra (Gn 27.39a); nos orvalhos do céu (GN 27.39b); viveria pela espada (Gn 27.40a); serviria a seu irmão (Gn 27.40b). Veja a diferença entre “ter” e “habitar”, na distribuição da bênção entre Esaú e Jacó. Entretanto, o primeiro perdeu a bênção, após vender sua primogenitura. Ele, como primogênito, estava na linha sucessória (Gn 12.3). “Segundo as bênçãos e a avaliação divina, as grandes promessas messiânicas poderiam ter sido realizadas em Esaú, que perdeu este direito por uma passageira gratificação carnal. Sem dúvida, a idéia de Jacó quanto à primogenitura era, nessa ocasião, carnal e inadequada; mas, seu desejo de obter, mostrou uma verdadeira fé” (Scofield).
Precisamos
controlar nossos apetites (Gn 25.30). Pois poderemos praticar erros e pecados
irreparáveis, como Esaú. Diz o autor da epístola aos Hebreus que “querendo ele
ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de
arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou” (Hb 13.17). (Isto é, buscou a
bênção e não arrependimento).
- Direito de primogenitura: Porção dobrada (Dt 21.17); minha força, princípio do meu vigor e o mais excelente em poder (Gn 49.3). Tudo isso, em caso de profanação, seria passado a outro, inclusive a primogenitura. Como exemplo, temos o caso de Rúben, o primogênito de Jacó; sua primogenitura foi dada a José (1 Cr 5.1,2).
- Bênção da primogenitura: A primogenitura tinha três fatores importantes: 1) Até o estabelecimento do sacerdócio arônico, o cabeça da família exercia direitos sacerdotais; 2) A família de Abraão tinha a promessa edênica de “esmagar a cabeça da serpente” (Gn 3.15); 3) Esaú, como primogênito, estava na linha sucessória da bênção (Gn 12.3).
III.
AS CAUSAS DA
INIMIZADE ENTRE IRMÃOS
- Jacó compra a primogenitura de Esaú e recebe a bênção de Isaque (Gn 27.4): Isaque estava velho e cego; em vez de convocar os dois filhos, chamou apenas o mais velho, para abençoá-lo. Ele talvez não soubesse do propósito divino (Gn 25.23), que a bênção pertencia a Jacó (Ml 1.2; Rm 9.10-13). Também não sabia que Esaú havia vendido sua primogenitura (Gn 25.34) e fora aborrecido por Deus. Quantos crentes têm perdido suas bênçãos e posições, seus direitos e cargos, ao trocarem sua primogenitura espiritual por um “prato de lentilhas” (Gn 25.31,32)! Tenhamos cuidado, pois o Diabo se aproveita de nossas fraquezas e nossas limitações, até de nossa velhice, para nos derrubar! Se os velhos não forem bem orientados, poderão prejudicar a si mesmos e a seus filhos, como Isaque, que desejou dar a bênção a Esaú, quanto este já havia perdido a primogenitura e a sucessão patriarcal (Gn 25.34; 27.28,29).
- A discriminação de Isaque e Rebeca em relação aos filhos (Gn 27.5-7): Rebeca ouviu a conversa entre seu marido e o filho mais velho. Isaque amava mais a Esaú do que a Jacó, não por ser o favorito ou o primogênito, ou por sua habilidade na caça, mas por causa do guisado que ele preparava (Gn 27.4). Esta distinção foi a causa da rivalidade e perda de unidade entre os dois irmãos (Ef 6.4).
A simulação de
Rebeca (Gn 27.8-10,14). Ela não usou a fé, que é o firme fundamento (Hb 11.1),
mas a forma irregular, talvez aquela dos jesuítas: “os fins justificam os
meios”, e descobriu o meio de proteger e evitar que seu filho mais novo
perdesse a bênção, assumindo sob pena de maldição (Gn 27.13), as conseqüências.
Vejamos:
Pecado premeditado
– matou um cabrito e fez um guisado igual ao que Esaú preparava para Isaque;
cobriu as mãos e o pescoço de Jacó, com a pele de animal, pois ele era sem
pelo. Vestiu-o com a roupa de gala de Esaú. A farsa foi bem preparada, pois
Isaque não percebeu. Com a diferença de que o guisado estava gostoso, mas a
“caça” não era legítima. A pele que usava, em suas mãos e seu pescoço, era
legítima, mas não era a dele.
- A mentira de Jacó (Gn 27.19): “Eu sou Esaú”. Além de mentir, blasfemou contra Deus, ao dizer: “O Senhor teu Deus a mandou ao meu encontro” (referindo-se a caça – Gn 27.20), confirmando com um beijo (27.24,26). Busquemos a bênção de Deus pelo caminho certo e não por subterfúgios. Devemos ter o cuidado de não usar as mãos de outro, como meio de imitar alguém ou ganhar vantagem. Usemos aquilo que temos e sejamos o que somos. De quem são as tuas mãos? Os teus vestidos? Jacó, disfarçado, através das mãos, dos vestidos e do guisado, recebeu as bênçãos de Isaque, no lugar de seu irmão Esaú (27.24-29).
- A rejeição de Esaú na hora da bênção (Gn 27.30-36): Veio Esaú para receber a bênção, mas já era tarde demais, pois Isaque já havia abençoado a Jacó (Gn 27.33). Este atendera o seu pedido, satisfizera o seu apetite, e ele o colocou como senhor de Esaú (Gn 27.37). Agora o maior serviria ao menor (Gn 25.23). “Querendo depois herdar a bênção, foi rejeitado” (Hb 12.17). Muitos deixam a igreja, abandonam a fé, como fez Esaú que, depois de desprezar e vender sua primogenitura, foi rejeitado. Não deixemos para depois, acertemos com Deus agora, hoje (Hb 3.7,8)!
Fonte: Lições Bíblicas (Jovens e Adultos)
Editora: CPAD
Trimestre: 4º/1993
Comentarista: José Apolônio
Tema Central: Família – Alicerce da Sociedade
Páginas: 06 - 09
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