terça-feira, 13 de março de 2012

A PABOLA DO JUIZ INIQUO


Texto Áureo: Lucas 18.7
Verdade Prática: Os que clamam a Deus com perseverança, receberão a resposta divina no tempo oportuno parem os bens do Senhor.
Época do evento: 29 d.C.
Local: A Caminho de Jerusalém
Leitura Bíblica: Lucas 18.1-8

Lição 12

INTRODUÇÃO

A parábola em estudo, registrada somente por Lucas, é semelhante a do amigo importuno (Lc 11.5-8). Após responder aos fariseus sobre a vinda do reino de Deus, Jesus prosseguiu, falou aos discípulos, no capítulo 18, e preferiu a parábola “sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer”. A ilustração parece estranha, pois o Mestre toma o exemplo de um homem ímpio para evidenciar um privilégio e um dever de orar, de modo perseverante.

I.                   AS CARACTERÍSTICAS DO JUIZ INÍQUO

O juiz, tomado como exemplo na parábola, tinha características impróprias para sua condição de magistrado, de homem da Lei, do Direito e da Justiça. Por não ter as qualidades necessárias, era considerado iníquo.
1.      Não temia a Deus: Esta qualidade é terrível. De alguém assim, tudo se espera em termos de maldade.
2.      Nem temia aos homens: Aquele juiz talvez tenha jurado em sua formatura cumprir sua missão e fazer justiça a todos os que o precisassem de seus conhecimentos, sem acepção de pessoas. Entretanto, depois de estar no cargo, a ninguém respeitava. Não é de se admirar, pois, uma pessoa que não teme a Deus, possa respeitar o seu próximo!

II.                UMA VIÚVA OPRIMIDA

1.      Ela devia ser pobre: Esta dedução baseia-se no fato de a mulher da parábola dirigir-se diretamente ao juiz e não a um tribunal em sua cidade, que devia ser um povoado igualmente pobre e pequeno, em que um magistrado tinha o dever de atender aos reclamos dos injustiçados..
2.      Ela tinha uma causa: Vivia perseguida por um adversário (Lc 18.3). Não se indica na parábola o tipo de opressão que ela sofria. Uma coisa é certa: era vítima de uma grande injustiça.
3.      Ela buscou o caminho certo (Lc 18.3): Ela não quis fazer justiça com as próprias mãos contra seu adversário. Primeiro, porque era frágil. Depois, sua formação a levava a proceder de modo correto, e procurou o caminho da justiça.
4.      Ela esperou muito: O magistrado “por algum tempo não quis” dar importância à causa da pobre viúva. Como deve ter sofrido aquela senhora, sozinha, sem marido, na luta contra seu adversário! Um juiz que age assim, está em desacordo com a Palavra de Deus a qual diz: “Porque os magistrados não são terror para as boas obras... porque (a autoridade) é ministro de Deus para o teu bem,... e vingador para castigar o que faz mal” (Rm 13.3,4).
5.      Um tipo dos crentes que sofrem: Em todos os tempos, sempre houve servos de Deus que padeceram sofrimentos e injustiças. Após a ascensão de Jesus, diversos cristãos tornaram-se mártires, pelo nome do Senhor. Muitos recorreram Às autoridades e delas obtiveram tão-somente a condenação injusta ou descaso por sues problemas e suas angústias.

III.             A VITÓRIA DA PERSEVERANÇA

1.      A viúva era perseverante: Ela esteve tantas vezes na presença do juiz iníquo, que o fazia sentir-se “molestado” e “importunado” (Lc 18.5). Muitas vezes, os crentes não desejam buscar seus direitos perante as autoridades, pois julgam procederem de modo errado. A Bíblia não avaliza este comportamento em todas as situações. A Palavra de Deus condena levar-se o litígio entre os irmãos Às autoridades constituídas pelos homens, em lugar de conduzi-los perante os santos. Paulo critica tal comportamento, e lembra que nós julgaremos o mundo e até os anjos. Por isso, não devemos levar nossas causas ante os infiéis (Rm 6.1-7). Entretanto, o mesmo apóstolo, quando preso injustamente, exigiu que fosse respeitado como cidadão romano, em cumprimento à Lei (At 16.37).
2.      O juiz iníquo foi vencido pela perseverança da viúva (Lc 18.4,5): Ele fez justiça, e deu andamento ao processo movido pela viúva contra seu adversário, não porque fosse bom, mas pela insistência, perseverança e força de vontade da mulher oprimida. Demorou, mas a vitória dela chegou! É uma grande lição, para os que têm causas não resolvidas!

IV.              DEUS FAZ JUSTIÇA
1.      Deus tem seus escolhidos (Lc 18.7): O Salmista diz: “Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para a sua herança” (Sl 33.12). A princípio, os eleitos eram os israelitas. Estes rejeitaram a Jesus (Jo 1.11). Em face disso, dentro do plano divino, “... a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome” (Jo 1.12). Os escolhidos não fazem parte de uma casta predestinada para a salvação, enquanto outros são irremediavelmente destinados à perdição. Os eleitos são os que aceitam a Cristo como salvador (Ef 1.11), sem acepção de pessoas (Ef 6.9; Cl 3.25; Tg 2.9).
2.      Deus faz justiça aos seus escolhidos (Lc 18.7a,8a): Os escolhidos de Deus são “...um povo especial, zeloso de boas obras” (Tt 2.14). Ele é tão importante que se alguém o perseguir, para o Senhor, “toca na menina do seu olho” (Zc 2.8). Com relação à justiça divina, a parábola em estudo é de uma eloquência extraordinária! Jesus, ao tomar por base o comportamento tardiamente correto de um home iníquo, que fugia de sua obrigação para com uma pobre mulher, fez uma indagação solene: “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos?” (Lc 18.7a). Esta é uma grande lição do caráter de Deus. Se um homem impiedoso, cruel e inescrupuloso, resolveu atender ao pedido insistente de uma viúva, quando mais o Senhor, que é absolutamente justo, santo e bom, não fará justiça aos que lhe pertencem e, de uma forma ou de outra, sofrem perseguições de adversários cruéis? O povo de Israel, no Egito muito padeceu, após a morte do governador José e do Faraó, seu amigo. Mas Deus fez justiça a seu povo, e tirou-o do cativeiro com mão forte e braço estendido. Este filho de Jacó, vendido pelos seus próprios irmãos, amargou uma prisão injusta. Mas deus o tirou do cárcere para o trono. Daniel foi lançado na cova dos leões, por inveja. Mas o anjo de Deus o livrou. E assim, em todos os tempos, o Senhor tem realizado e fará justiça aos seus escolhidos.
3.      O clamor de dia e de noite (Lc 18.7b): Com o exemplo da viúva, Jesus demonstra que Deus responde, e faz justiça aos que lhe clamam “de dia e de noite”. Este é o ponto central da parábola, indicado no versículo 1º do capítulo 18 de Lucas. Enfatiza o dever de se orar sempre, de modo perseverante, sem nunca desfalecer. Quem suplica assim  não se decepciona. Ana rogou muito tempo, desejosa de ter um filho homem e foi vitoriosa (1 Sm 1.10,17). Cornélio, mesmo sem ser cristão, orava continuamente, e Deus considerou suas petições (At 10.2). Quando Pedro foi preso, sentenciado à morte, a igreja fazia continua oração por ele, e Deus, milagrosamente o libertou (At 12.5,11,12). O escopo da parábola, a oração perseverante, põe por terra um ensino errôneo dos adeptos da “Teologia da Prosperidade”, segundo a qual só se deve orar uma vez e não mais, pois isso indicaria falta de fé. Segundo eles, deve-se pedir e, depois, só agradecer. Isso é doutrina equivocada. Os ensinos de Jesus não respaldam esta ideia. Ele disse: “Pedi e dar-se-vos-a; buscai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). Outros trechos podem ser consultados sobre a oração perseverante (Cl 4.2; Is 62.6,7; 2 Tm 1.3; Gn 32.26).

V.                 O TEMPO DE DEUS
1.      Deus parece tardio (Lc 18.7c): Muitas vezes nós, servos de Deus, passamos por situações difíceis, que demoram ter solução. Há ocasião em que se ouve o clamor: “Senhor, até quando...?” A dificuldade em entendermos porque Deus permite o sofrimento demorado, a doença prolongada, a  injustiça, é porque não compreendemos o tempo de Deus e nem como Ele trabalha. Jesus, na parábola, diz que Deus “depressa lhes fará justiça” (Lc 18.8). O problema é que o “depressa” do Senhor nem sempre segue nossos referenciais de tempo. De um lado, mil anos são como um dia; de outro, um dia é como mil anos para o Senhor! (2 Pe 3.8; Sl 90.4). Outra dificuldade que temos é entender como Deus responde às orações, ao clamor dos seus servos.
a)     Positivamente: É o que mais nos agrada, sem dúvida. Como é bom termos a resposta de Deus às nossas orações, de preferências, logo, hoje, o mais breve possível! Elias clamou ao Senhor, e pediu fogo sobre o altar e, no mesmo instante, “caiu fogo do Senhor” (1 Rs 18.38).
b)     Negativamente: Geralmente, quando Deus diz não, o crente fica insatisfeito. Moisés, o grande líder do povo de Israel, rogou ao Senhor que lhe permitisse passar o Jordão e entrar na terra prometida. A resposta de Deus ao seu servo foi taxativa: “Basta; não me fales mais neste negócio” (Dt 3.26). Paulo, apóstolo, orou três vezes, para que Deus o livrasse de um “espinho na carne”. E a resposta do Senhor foi: “A minha graça te basta...” (2 Co 12.7-9).
De qualquer forma, devemos entender que Deus não é injusto, como o juiz da parábola, e “depressa”, no seu tempo, fará justiça aos seus servos (Lc 18.8). Mesmo que para nós, na visão humana, a resposta seja logo ou demorada, positiva ou negativa. Ele, o Senhor, é fiel e justo em suas obras e sua soberania sobre nossas vidas. Sua resposta será sempre a melhor.

VI.              O SENTIDO ESCATOLÓGICO DA PARÁBOLA

Após falar sobre a oração perseverante, Jesus termina a parábola com uma pergunta que parecia estar fora do contexto: “Quando porém vier o Filho do Homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18.8b). Entretanto, mediante a ligação da parábola com o capítulo anterior, entendemos a razão da pergunta sobre a vinda do Filho do Homem. No capítulo 17. Ao se dirigir aos fariseus, que o interrogavam sobre a vinda do reino de Deus, Cristo voltou-se para os discípulos (Lc 17.22-37) e indicou-lhes algumas características do final dos tempos, da vinda repentina, da comparação com os “dias de Noé” e os “dias de Ló”. Após essas explicações, o Senhor inseriu a lição da parábola, ou seja, entre a sua ida aos Céus e volta à Terra, necessário se faz o viver em oração e fé perseverantes. Ao que tudo indica, na vinda do Senhor, tal tipo de fé será coisa rara.


Fonte: Lições Bíblicas (Jovens e Adultos)
Editora: CPAD
Trimestre: 4º/ 1994
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Tema Central: Parábolas de Jesus – Ensinos que Edificam
Páginas: 55 - 59

Nenhum comentário:

Postar um comentário