segunda-feira, 12 de março de 2012

DAVI E O PREÇO DA NEGLICENGIA NA FAMÍLIA


Texto Áureo: 1 Timóteo 3.4
Verdade Prática: Não adianta termos êxito em tudo se a nossa família é uma prova do nosso fracasso.
Leitura Bíblica: 2 Samuel 13.2,5,10-12,14,15

Lição 10

INTRODUÇÃO

Admirados diante dos grandes feitos de Davi como rei de Israel, achamos difícil admitir a sua negligência como pai de família. Às vezes corremos o risco de cuidar demasiadamente da imagem pessoal e do progresso profissional, e descuidar da assistência ao lar. Não há como eximir Davi de sua omissão na educação de seus filhos. Isso fica mais evidente quando descobrimos que os maiores escândalos sexuais aconteceram dentro da família real (2 Sm 13.1-19; 16.20-23). Não seria este o momento de não apenas estudarmos acerca dos erros de Davi, mas de extrairmos lições que nos ajudem na formação de nossos familiares?

I.                   DAVI FRACASSA NA FORMAÇÃO CULTURAL DOS FILHOS

  1. Os valores dos filhos do mundo: Os hebreus tinham uma facilidade muito grande de assimilar os costumes das culturas vizinhas. De fato, esse foi um problema crônico que acompanhou o povo de Deus ao longo de sua história. A fim de preveni-los desse mal, ainda no ministério mosaico, Deus advertiu-os: “E não andeis nos estatutos da gente que eu lanço de diante da vossa face, porque fizeram todas estas coisas; portanto, fui enfadado deles” (Lv 20.23). Infelizmente a história irá mostrar que a absorção de tais costumes foi a causa principal da derrocada de Israel. No período dos reis, devido ao afrouxamento na observação dos princípios divinos, esse perigo se tornou mais ameaçador (2 Rs 17.19). Muitos costumes vividos por Davi, como de possuir várias mulheres, refletem mais a cultura circundante de seus dias do que a cultura bíblica judaica. Lamentavelmente, foram alguns desses princípios valorativos que Davi deixou de herança para seus descendentes.
Uma coisa pode ser legal, isto é, amparada por um costume ou até mesmo por uma lei coercitiva; todavia, essa mesma coisa pode não ter apoio moral. Nos dias de Davi, era costume um monarca desposar várias mulheres. Culturalmente não havia nenhum problema nisso, mas teria essa prática apoio moral na Palavra de Deus, que Davi tão bem conhecia? Davi e outros reis depois dele parecem ignorar aquilo que é moral para se ajustar àquilo que era convencionalmente aceito.
  1. Os valores dos filhos do rei: Amnom possuía uma escala de valores invertidos, que se reflete, por exemplo, na idéia que ele tinha sobre a sexualidade humana. Totalmente dominado por uma paixão e concupiscência doentias, vejamos algumas de suas características:
a)      Ele estava dominado pela atração física: O texto sagrado na versão atualizada declara que Amnom se “enamorou pela formosura” de sua meia-irmã Tamar (2 Sm 13.1). Mesmo naqueles dias, o culto ao corpo já era bem familiar nas culturas pagãs. Amnom não conseguia ver em sua meio-irmã a pureza de uma donzela filha do rei, mas contemplava-a como um objeto sexual.
b)     Ele estava a procura de sexo: É muito fácil confundir sexo com amor e, uma paixão fugaz com um relacionamento. Entretanto, há uma diferença assombrosa entre ambos. Não devemos esquecer que Amnon era meio-irmão de Tamar, e, portanto, deveria saber que um relacionamento entre eles era impossível (Lv 20.17). Mesmo diante da sugestão de Tamar, Amnon violenta-a e satisfaz, à força, o seu desejo de gratificação sexual, sabendo que isso não era permitido e teria a reprovação de Davi.
c)      Ele demonstra ser um homem impulsivo e não racional: Os impulsos dominaram Amnon. Através da primeira carta aos Coríntios (capítulo 13), ficamos sabendo que o amor é mais um comportamento do que um sentimento. É sentimental, mas também racional. Tivesse Amnon a noção exata do que significa o verdadeiro amor, por certo não teria destruído a vida de sua irmã para satisfazer um desejo pessoal, egoísta e irracional.

II.                DAVI FRACASSA AO NÃO IMPOR LIMITES

  1. Davi não corrigiu o mau comportamento: Uma primeira leitura da vida e obra de Davi nos dá a nítida impressão de que ele era um rei extremamente zeloso, mas um pai omisso. Davi parece alimentar um ambicioso projeto expansionista, mas não demonstra esse mesmo interesse na administração de sua família. Essa omissão fica evidente quando ele,, mesmo sabendo do ato detestável praticado por seu filho Amnon contra Tamar, sua filha, não toma nenhuma medida para corrigi-lo. O texto sagrado registra que, ao saber do acontecido, Davi ficou irado (2 Sm 13.21), e isso é perfeitamente compreensível. Todavia, que medidas ele tomou depois que as coisas esfriaram? Nenhuma.
Diante da impunidade, Absalão, irmão de Amnon e de Tamar, também filho de Davi, passou a odiar a “Amnon, por ter forçado a Tamar, sua irmã” (2 Sm 13.22). Certamente, Davi percebia esse ódio no rosto de Absalão e, se tivesse agido com justiça, corrigindo o incestuoso filho, é possível que as coisas não tivessem terminado daquela forma. Dois anos se passaram (2 Sm 13.23), e Davi nenhuma providência tomou acerca do caso. A sua omissão contribuiu para que o sentimento de vingança de Absalão crescesse e resultasse na morte de Amnon (2 Sm 13.28,29).
  1. Davi não ensinou os valores hierárquicos: Um dos fatores que ajuda estabelecer uma boa convivência familiar é o respeito pelos papéis familiares. Algumas atitudes dos filhos de Davi contradizem esse princípio. Primeiramente vemos uma forte ambição pelo poder, claramente demonstrada nas atitudes de Absalão e Adonias, que a todo custo queriam o lugar do pai. Este via sua autoridade real ameaçada pelas tentativas de Golpe de Estado planejadas por seus dois filhos (2 Sm 15.1-18; 1 Rs 1.5-10). A Bíblia afirma que Adonias “se exaltou e disse: eu reinarei” (1 Rs 1.5). A expressão “se exaltou” mantém o sentido original de “levantar-se contra a autoridade constituída”.  Somente alguém sem nenhum respeito pela hierarquia, que nesse caso é a do próprio pai. Agiria dessa forma. É difícil imaginar isso acontecendo em uma família onde valores familiares, como o respeito à autoridade paterna, são praticados.

III.             DAVI FRACASSA COMO PAI

  1. Um pai ausente: Um bom pai acompanha seus filhos de perto, orientando-os inclusive em relação ás suas companhias. Os fatos ocorridos com Amnon revelam que por trás do plano arquitetado para violentar sua meia-irmã, havia um “amigo” chamado Jonadabe, o qual o aconselhou a cometer tamanho crime (2 Sm 13.2-5). Jonadabe, que demonstra ser um mau caráter, atua como uma espécie de “pedagogo” para Amnon. Mas onde estava Davi? Nunca é demais dizer que os pais devem ser os melhores amigos dos filhos sem, contudo, serem seus cúmplices.
  2. Um pai sem afetividade: O relacionamento entre Davi e seus filhos obedecia a um formalismo frio. A forma como ele tratou Absalão, após este ter assassinado Amnon, é uma prova disso. Depois de cometer o crime, Absalão fugiu para Gesur (2 Sm 13.38) e, três anos depois do fato ter acontecido, Davi ainda não lhe perdoara. Graças à intercessão de Joabe, Absalão volta ao palácio real, mas sem ter o direito de ver a face do pai (2 Sm 14.28). Após muita insistência, Absalão foi admitido na casa real. Davi, como gesto de perdão e admissão do filho, até o beijou, mas tal ato foi insuficiente para reparar os danos causados pela falta de afetividade do passado (2 Sm 14.33). Completando o círculo de desgraças, Absalão armou um Golpe de Estado e acabou morto (2 Sm 18.9-15).

CONCLUSÃO

Há por certo outras virtudes de Davi que ainda não contemplamos, todavia, essa análise às avessas visa nos alertar para os perigos que cercam nossas famílias. Seja como for, quer de forma positiva, quer de forma negativa, Davi nos ensina.


Fonte: Lições Bíblicas (Jovens e Adultos)
Editora: CPAD
Trimestre: 41º/2009
Comentarista: José Gonçalves
Consultor Doutrinário e Teológico: Antonio Gilberto
Tema Central: Davi – As vitórias e as derrotas de um homem de Deus
Páginas: 69 - 75

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