A MÚSICA NA ADORAÇÃO
A
Música é uma das muitas maravilhas que Deus, o Criador de todas as coisas, nos
permitiu conhecer. Em Sua soberania, aprouve ao Senhor dar aos homens a
capacidade de desenvolver novos sons e novas melodias. Nestes termos, cada raça,
região ou país expressa-se através de uma linguagem musical que, curiosamente,
pode ser apreciada pelas demais raças e nações. Assim sendo, temos o direito de
não gostar, mas também temos o dever de respeitar por tratar-se de um símbolo
universal e cultural de expressão.
No
meio evangélico, entretanto, parece que a utilização e o desenvolvimento da
Música, como um dos meios de adoração ao Senhor ou como meio de evangelização,
tem sido motivo de polêmica, radicalização e polarização, principalmente no que
tange à modernização.
Alguns
mais afoitos e exaltados, apressam-se a execrar certos ritmos, procurando
descobrir em suas origens, ligações demoníacas. O próximo passo, então, é a
generalização, abominando tudo o que "novo" como sendo uma ameaça aos
melhores padrões cristãos. De outro lado, estão os que não menos radicais,
desejam "implodir" o nosso passado musical. "Mordidos" por
uma xenofobia absurda, tentando implantar "no peito e na raça" suas
idéias, mas sem o ingrediente principal que mantém o Corpo de Cristo unido: o
amor (1 Co 13).
Nestas
horas é que muitos pensam: ¾ "Que
confusão! Quem afinal está com a razão? Por que Deus não nos deixou uma Bíblia
Musical, com todas as notinhas que determinassem qual é a música do céu e a do
inferno, juntamente com uma relação de instrumentos sacros e outra de
profanos?"
Arrisco-me
a sugerir que o Senhor não nos deixou a tal Bíblia Musical, justamente para que
de todas as raças, povos, tribos e nações surgissem louvores sinceros,
exaltação verdadeiras, todas impregnadas de criatividade cultural, peculiar a
cada região do planeta. O Senhor quer a adoração que traduza o sentimento e a
decisão do mais profundo de nosso ser, feita em Espírito e em Verdade.
Como
agimos, então? Não há parâmetros para a música como meio de adoração? Claro que
há! Se Deus não nos deixou uma Bíblia Musical, é porque nossa informação e
parâmetro virão da carta que Ele nos deixou: A BÍBLIA SAGRADA.
Há
tanto o que aprender com a música e a adoração no Velho e Novo Testamento
(mesmo sem notas musicais). Posso destacar que a música é encontrada desde o
Gênesis, sendo que percebemos, com a progressão da revelação de Deus, que a
música e os músicos vão se organizando. O número de instrumentos relacionados é
crescente. Não estagna, nem decresce. Até o ponto do salmista declarar
explosivamente "todo ser que respira, louve ao Senhor", exatamente
após uma das maiores relações de instrumentos de sua época.
A
base para o nosso louvor e adoração está na Bíblia, no entanto, aprendemos
sobre a música, como veículo deste louvor, através de toda História da Igreja
Cristã.
Destacamos
a música na época das perseguições, onde o louvor era levantado em meio às
dentadas dos famintos leões das arenas romanas. Aprendemos também com a música
anterior à Reforma, executada, principalmente pelo clero (destacando-se o canto
Gregoriano); a popularização musical incentivada por Lutero, que foi buscar na
cultura secular subsídios para suas composições sob o princípio de que
"não se deve deixar que o diabo tenha todas as boas melodias".
Aprendemos
com o progresso da música erudita, com a música européia e americana. Vibramos
com a música trazida pelos primeiros missionários chegados ao Brasil e com a
confecção dos cancioneiros evangélicos.
Todo
este processo de aprendizagem, ocorrido na História da Igreja tem duas
características:
- É um processo acumulativo, ou seja, o conhecimento anterior é básico para o que vem adiante.
- É um processo aberto para o novo, que sempre retira da modernização (novos estilos, instrumentos, harmonias, etc.) o que há de melhor, pois o nosso Deus não merece menos que isso. Um exemplo positivo disto foi Martinho Lutero.
Como
podemos ver, a música é uma arte que não envelheceu, justamente porque não
anula o seu passado, que é a base para o seu futuro. Ao mesmo tempo, é sempre
atual, pois retrata o conhecimento, as tendências e a cultura do seu tempo,
numa reciclagem permanente.
Qual
deve ser o nosso posicionamento como membros do Corpo de Cristo e filhos de um
mesmo Pai? Precisamos fazer uma auto-avaliação para que verifiquemos se há
radicalismos em nosso meio, seja pró-modernização, seja pró-estilo do passado,
pois não há base bíblica para nenhum deles. A base de todo radicalismo não é,
positivamente, o amor, que é o vínculo da perfeição e muito menos a paz de
Cristo que deve ser o árbitro nos corações (Cl 3:12-17).
Devemos,
então, exercitar uma flexibilidade bilateral, baseada no amor, onde não apenas
o jovem ceda, para evitar discussões desagradáveis e divisão na Igreja, mas
onde também os mais velhos compreendam o desejo dos jovens em traduzir o seu
louvor em sons que caracterizem os dias de hoje, sempre utillizando tudo o que
temos de bom do passado e do presente. Afinal, não temos um Deus que aceita o
louvor dos mais velhos e outro Deus que aceita o louvor dos jovens. Nosso Deus
é um, e Ele quer que nós, como Igreja, busquemos ardentemente, viver em unidade
e amor para o louvor da Sua Glória (Ef 1:12; 4:1-3; Fp 4:2-5; Jo 17:20-21).
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