terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O CRISTIANISMO JUDAIZANTE

Texto Áureo: Colossenses 2.16
Verdade Prática: Nós, os que aceitamos a Cristo Jesus como o nosso único e suficiente Salvador, temos uma lei mais sublime a cumprir: a Lei do Espírito
Leitura Bíblica: Gálatas 3.19-26; 4.9-11

Lição 09


INTRODUÇÃO

O termo judaizante vem do verbo grego ioudaizo, “viver como judeu”, e aparece apenas uma vez no Novo Testamento (Gl 2.14). O vocábulo surgiu em decorrência de os cristãos de origem hebréia, mesmo depois do Concílio de Jerusalém (AT 15), continuarem insistindo na necessidade de os convertidos gentios viverem como judeus. Infelizmente, os judaizantes ainda estão por aí defendendo a guarda do sábado, as leis dietéticas prescritas por Moisés e os ritos judaicos.

I.                   OS PRIMEIROS JUADAIZANTES

  1. O cristianismo não judaizou o mundo: O cristianismo teve origem no contexto judaico e deste recebeu uma rica herança teológica e ética. Haja vista o próprio Cristo. Nascido “conforme a lei” (Gl 4.4) cresceu e viveu dentro da cultura judaica (Lc 2.40-43). Durante o seu ministério, reconheceu as Escrituras Hebraicas e autoridade de Moisés (Mc 7.13; Lc 5.14). Todavia, não pregou costumes judaicos; seus apóstolos não judaizaram o mundo. O apóstolo Paulo, discursando no Areópago, não deu uma aula sobre as quatro letras hebraicas que, no Antigo Testamento, formam o nome de Jeová. Sua preocupação era pregar a principal mensagem do cristianismo: a ressurreição de Jesus (At 17.31).
  2. Pressões: Os judaizantes foram os principais perseguidores do apóstolo Paulo; acusavam-no de pregar contra a lei (At 21.28; Gl 2.4,5). Eles perturbavam as igrejas em Antioquia da Síria e na Galácia, ensinando que os gentios deviam tornar-se judeus para serem salvos (At 15.1,5). Parece que os tais apresentavam-se como enviados de Tiago (Gl 2.12). No entanto, apesar de haverem saído de Jerusalém, não se achavam autorizados a falar em nome de Tiago (At 15.24).
  3. Perigos: Na ação dos judaizantes, os apóstolos viam dois problemas sérios: a ameaça à liberdade cristã e o perigo de o cristianismo tornar-se mera seita judaica. Os judaizantes alteravam o cerne do evangelho, colocando a lei como complemento da obra de Jesus no Calvário; era, de fato, “outro evangelho”, razão pela qual o apóstolo Paulo os censurou gravemente (Gl 1.8,9).

II.                OS OBJETIVOS DA LEI

  1. Definir o pecado (3.19): A maneira de os judaizantes e os demais legalistas interpretar a lei trouxe muitos problemas à Igreja dos dias apostólicos. De igual modo, os judaizantes de hoje ainda não perceberam a utilidade da lei mosaica: ela veio por causa da transgressão (3.19). A Bíblia afirma, também, que “pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20); se não há lei, não pode haver pecado (Rm 4.15). E mais: o homem não teria conhecido o pecado se não fosse pela lei (Rm 7.7).
  2. Demonstrar a necessidade da graça divina (3.22): A lei não veio como solução final, mas para conscientizar os homens quanto ao pecado e à necessidade da graça de Deus – algo que transcendesse à própria lei: “para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes” (3.22). A lei é santa (Rm 7.12), porém inadequada para a salvação (Rm 3.20). O propósito dela é duplo: revelar e definir o pecado até ao cumprimento da promessa.
  3. Servir de aio (3.24,25): O aio, ou paidagogos, “tutor”, não era mestre, mas o guia e guardião que disciplina a criança. No mundo romano, um escravo de confiança da família era encarregado de tomar conta do menino entre 6 e 16 anos; levá-lo à escola e trazê-lo de volta para casa, supervisionando sua conduta. Semelhantemente, a lei exercia apenas um papel disciplinar, servindo de aio para conduzir-nos a Cristo. Isso mostra a sua inferioridade em relação ao evangelho. Sua função terminou com a vinda do Messias (3.25). Agora, somos livres da lei, mas dependentes da graça de Deus.

III.             A QUESTÃO DO SÁBADO

  1. Retrocesso espiritual (4.9): O Senhor Jesus libertou os judeus da escravidão da lei (Rm 7.6.) e os gentios dos rudimentos do mundo (4.3). Os cristãos da Galácia, porém, estavam voltando à escravidão das qual haviam sido libertos (5.1). Estavam retornando aos “rudimentos”. A palavra é usada pelo apóstolo Paulo para identificar os elementos da religião judaica como a guarda de dias.
  2. Guardar dias (4.10): É até compreensível um cristão de origem judaica guardar o sábado (Rm 14.5, 6), considerando-se que, hoje em Israel, o domingo é um dia normal de trabalho, levando os crentes a realizarem seus cultos no sétimo dia. Como se vê, é uma questão meramente cultural. Eles também usam o talit (manto dos judeus religiosos) e o kippar (solidéu) para cobrir a cabeça; observam o kashruth (leis dietéticas) além de outros ritos. Eles assim o fazem para preservar sua identidade e evitar escândalos na sociedade israelense, e não, como condição para serem salvos. Ademais, os cristãos judeus não acusam nem condenam os irmãos gentios por não observarem tais práticas.
  3. O cumprimento da lei: A questão não é o sábado em si, mas o fato de não estarmos debaixo da lei e, sim da graça (5.4). Quem se submete à prática de pelo menos um preceito da lei é obrigado a cumpri-la toda (5.3). E se alguém tropeçar em um ponto da lei é culpado por todos os outros (Tg 2.7). No entanto, Jesus cumpriu integralmente a lei de Moisés em nosso lugar (Mt 5.17,18).
  4. A abolição do sábado: O sábado, que era sombra dos bens futuros em Cristo, foi abolido com a chegada do Novo Concerto (Hb 8.7-13; Os 2.11): “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.16,17). Jesus, portanto, é quem nos propícia o verdadeiro repouso (Hb 4.9).

IV.              O SÁBADO E O KASHRUTH

  1. Os sabatistas clássicos: Os judaizantes clássicos dos dias atuais são os adventistas do sétimo dia, mas há outros grupos que também entraram pelo mesmo caminho. Eles julgam-nos pelo comer, pelo beber, por causa dos sábados (Cl 2.16) e não nos reconhecem como cristãos autênticos. Às vezes, chamam-nos de irmãos, principalmente quando visitam nossas igrejas para vender literaturas.
  2. Eles não cumprem a guarda do sábado: Os judeus ortodoxos, de hoje, não acendem lâmpada no sábado, não põem em funcionamento um veículo e nem usam um elevador aos sábados, pois consideram tais atos como a quebra do sétimo dia (Ex 35.3). Os elevadores dos edifícios em Israel são programados para tornar possível a chegada da pessoa ao andar desejado sem a necessidade de apertar o botão. Todavia, os sabatistas não observam esses detalhes, demonstrando que nem mesmo eles cumprem a guarda do sábado.
  3. O kashruth judaico: É o preceito dietético judaico. O Talmud foi além do que prescreveu Moisés em Lv 11. Biblicamente, os judeus não são proibidos de comerem carne com leite, pois a ordem de Levíticos e para não cozer o cabrito no leite de sua mãe (Ex 23.19; 34.26; Dt 14.21). Os adventistas, no entanto, forma além do Talmud, incentivando o vegetarianismo.

CONCLUSÃO

O cristianismo judaizante é remendo novo em vestidos velhos (Mt 9.16). A salvação é pela fé em Jesus (Gl 2.16; Ef 2.2-10; Tt 3.5). O cristianismo é religião de liberdade no Espírito e não um conjunto de regras. O verdadeiro cristianismo enfatiza o nosso relacionamento com o Cristo ressuscitado (Gl 2.20), e isto é suficiente para crescermos na graça e no conhecimento de Deus.


Fonte: Lições Bíblicas (Jovens e Adultos)
Editora: CPAD
Trimestre: 2º/2006
Comentarista: Esequias Soares
Consultor Doutrinário e Teológico: Antonio Gilberto
Tema Central: Heresias e Modismo – Combatendo os erros doutrinários
Páginas: 62 - 69

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