Texto Áureo: 1 Crônica 16.29
Verdade Prática: A essência do verdadeiro culto a Deus é a adoração, portanto, Ele procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade.
Leitura Bíblica: 1 Crônica 16.7-14
Lição 11
INTRODUÇÃO
É quase impossível lermos o Pentateuco sem que não nos impressionemos pela estrutura que ganha o culto no judaísmo. Somente uma revelação divina, como a que foi dada a Moisés, justificaria a existência de tantos símbolos presentes na adoração hebraica. O culto mosaico era extremamente ritualista, no entanto, era constituído de uma adoração enriquecedora. No início da monarquia, muitos desses símbolos foram esquecidos ou desprezados. É com Davi que observamos os primeiros passos rumo ao retorno da verdadeira adoração a Jeová.
I. O CULTO E O SEU PROPÓSITO
- Adoração: A essência do culto está na adoração ao Senhor, e nunca é demais enfatizarmos essa verdade, pois adoração vazia significa culto frio e sem propósito. Adorar vem de uma palavra que significa “inclinar-se, prostrara-se em deferência diante de um superior”. No contexto bíblico, portanto, essa palavra significa um prostrar-se diante de Deus em reconhecimento à sua divindade.
Quando Davi se prontificou a trazer a Arca da Aliança (que se encontrava na casa de Obede-Edom) para Jerusalém, veio adorando a Deus durante todo o caminho percorrido. O gesto de Davi, ao dançar, demonstra atitude de um verdadeiro adorador. É o que vemos com a expressão “Davi [...] ia bailando e saltando diante do Senhor (2 Sm 6.16). A palavra hebraica karar traduzida na versão atualizada como “dançar” significa também “girar” e a demonstra a atitude jubilosa do segundo rei de Israel. Não devemos esquecer que essa dança (ou giro) era movido pelo Espírito; não foi algo ensaiado nem tampouco fruto de uma explosão carnal.
- Comunhão: Outro elemento indispensável ao verdadeiro culto a Deus e encontrado no culto davídico é a comunhão. Sem comunhão com o Deus a quem servimos e com o nosso próximo, não é possível uma adoração verdadeira. Ainda quando Davi conduzia a Arca de Deus a Jerusalém, observamos ele tomando uma atitude que demonstra uma característica importante de um verdadeiro adorador. Ao final do percurso, a Escritura afirma que Davi “repartiu a todo o povo e a toda a multidão de Israel, desde os homem até as mulheres, a cada um, um bolo de pão, um bom pedaço de carne, e um frasco de vinho; então, foi-se todo o povo, cada um para sua casa” (2 Sm 6.19).
Ao dar esses presentes, Davi demonstra ao povo a fraternidade que deve existir entre os adoradores do verdadeiro Deus. Na Nova Aliança essa comunhão é ainda mais fomentada, basta olharmos para os crentes no início da Igreja Primitiva (At 2.42). A comunhão é, pois, uma via de mão dupla, só a teremos com o Senhor se zelarmos pela comunhão com os nossos irmãos (1 Jo 2.9-11). Se quebrarmos nosso relacionamento com o próximo, não teremos comunhão com o Senhor (Mt 6.14,15).
II. O CULTO E SEUS UTENSÍLIOS
- O altar do holocausto e do incenso: O altar mais conhecido no Velho Testamento é do holocausto, isto é, destinado à realização dos sacrifícios. Esse altar é o local onde se derramava o sangue de um animal inocente para fazer expiação pelo sangue, lembrando com isso o sangue do Cordeiro de Deus que seria sacrificado por toda a humanidade (Jo 1.29; Ap 1.5). Na Nova Aliança, em vez de sacrificarmos animais, fomos transformados em sacrifício vivo pelo Cordeiro de Deus, que foi sacrificado por nós (Rm 12.1). Por outro lado, o “altar do incenso” tem sua simbologia ligada à oração e intercessão (Sl 141.2). Na Nova Aliança a Escritura declara que esse incenso é a oração dos santos (Ap 5.8).
- A arca: Na arca da Aliança guardadas as tábuas da lei e outros objetos sagrados, e a sua simbologia está associada à presença de Deus (Ex 25.22). Infelizmente, nos dias de Samuel os israelitas haviam transformado a arca em uma espécie de amuleto, e tentavam usá-la como um fetiche (1 Sm 4.3). De nada adianta barulho sem poder, de nada vale um utensílio sagrado se não há obediência por parte de quem o conduz (1 Sm 4.5,10). Davi queria que a arca adquirisse nos seus dias a sua verdadeira simbologia.
III. O CULTO E SUA LITURGIA
- A liturgia na Velha Aliança: O culto judaico possuía uma liturgia complexa e inflexível. Nos dias de Davi, muitos elementos dessa forma de adorar ainda continuavam. Isso é comprovado em todo o Velho Testamento, especialmente nas dezenas de regras que serviam para regulamentar o culto e que são mostradas com abundância no Pentateuco. O vocábulo liturgia é oriundo de duas palavras gregas, que são respectivamente leiton e ergon. A junção destes vocábulos significa literalmente serviço público. A Septuaginta usa esse vocábulo para traduzir os termos hebraicos sharat e ‘avodah. Os estudiosos observam que no contexto do Velho Testamento a liturgia passa a ser aplicada a sacerdotes e levitas, que se ocupavam dos ritos sagrados no Tabernáculo ou no Templo. Tanto os sacerdotes quanto os levitas trabalhavam duro para darem conta do ritual litúrgico do culto judaico.
- A liturgia na Nova Aliança: Os escritos do Novo Testamento tomam emprestado esse significado e o aplicam à estrutura do culto cristão. Assim, no contexto neotestamentario, o termo é utilizado para “cristãos servindo a Cristo, seja pela oração, ou instruindo outros no caminho da salvação, ou de alguma outra forma”. De fato, é o que podemos observar quando lemos o livro de Atos dos Apóstolos: “E, servindo eles ao Senhor” (At 13.2). Nesse contexto a palavra “servindo” é a tradução do grego leitourgeo, que no português é “liturgia”.
A liturgia da Igreja Primitiva, ao contrário do culto veterotestamentario, é extremamente simples. Incluía a leitura da Bíblia e sua explanação (At 13.14-16; 1Tm 4.13); a oração (At 16.13; 1 Tm 2.8); a recitação de Salmos, cânticos de hinos e expressões carismáticas do Espírito Santo (1 Co 14.26; Ef 5.19; Cl 3.16). Isso não quer dizer que os cristãos primitivos não se preocupassem com os rituais do culto e que fossem desprovidos de sentido. Devemos lembrar que há um contraste enorme entre o culto da Velha Aliança e da Nova Aliança, o que justifica também essa diferença litúrgica.
Por exemplo, no Antigo Testamento a adoração era com base na letra; no Novo Testamento é no Espírito; no Antigo Pacto o sacerdócio é local e cabia à tribo de Levi; No Novo o sacerdócio é universal; No Antigo a unção do Espírito vinha especialmente sobre ofícios, isto é, reis, profetas e sacerdotes; No Novo o derramamento do Espírito é sobre toda carne; no Antigo a adoração é reservada ao Templo; No Novo há o “templo da adoração”, isto é, cada crente é um santuário do Espírito Santo; no Antigo o Espírito estava com os crentes; No Novo o Espírito esta nos crentes. Esses fatos justificam a diferença na forma litúrgica, no entanto, conservam de igual modo a sua essência.
CONCLUSÃO
Aprendemos, pois como Davi organizou o culto a Jeová e nos deixou um legado de zelo e piedade. Devemos cultuar a Deus, mas não de qualquer form. A Escritura adverte que, tratando-se do culto ao Senhor, ele deve ser realizado e oferecido ao Eterno com decência e ordem (1 Co 14.40). Embora não estejamos mais debaixo dos preceitos da Velha Aliança concernentes ao culto, os princípios que os fundamentam – reverência, pureza, sinceridade – devem nortear ainda hoje o nosso culto.
Fonte: Lições Bíblicas (Jovens e Adultos)
Editora: CPAD
Trimestre: 41º/2009
Comentarista: José Gonçalves
Consultor Doutrinário e Teológico: Antonio Gilberto
Tema Central: Davi – As vitórias e as derrotas de um homem de Deus
Páginas: 76 - 82
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